Curada do Câncer de Mama, funcionária da Caixa de Saúde relata dificuldades e volta por cima

Aos 45 anos, Fabrícia Mendes é a primeira da família com o diagnóstico: “Uma tristeza sem fim, mas deu tudo certo, graças a Deus”

Em 2020, a técnica de enfermagem Fabrícia Mendes Prates, 45 anos, recebeu um diagnóstico que mudaria sua vida: ela estava com câncer de mama. “Ao realizar o autoexame da mama, percebi algo diferente. Nós, profissionais de saúde, focamos muito em cuidar do próximo e, por vezes, esquecemos de olhar para nós, que também somos seres humanos”, inicia ela.

Foi na Caixa de Saúde e Pecúlio, aconselhada por sua chefe, enfermeira e responsável técnica Mônica Lima, que Fabrícia decidiu procurar o ginecologista Paulo Alonso, para se inteirar e entender o que estava acontecendo. “Ele me avaliou, e me indicou a fazer mamografia para detecção. Depois de feito, fui no mastologista, disponibilizado aqui na Caixa de Saúde, e recebi o diagnóstico da doença”, conta ela, emocionada.

Mônica, à esquerda, e Fabrícia, à direita, com a camisa feita pela Caixa de Saúde e Pecúlio em alusão do “Outubro Rosa” – Foto: Nicolas Pedrosa

Fabrícia declara que foi um “baque muito grande, uma tristeza sem fim”. “Estava me sentindo no fundo do poço, tentava levantar e não conseguia. Não havia relatos da doença na minha família, era a primeira com esse diagnóstico. Estava perdida e com medo”.

Devota de Nossa Senhora Aparecida, mesmo preocupada e assustada, ela não permitiu que isso a abatesse, mas manteve-se firme para encarar esse desafio e dar a volta por cima. “Em nenhum momento perguntei ‘Por que comigo?’. Se é para acontecer, é porque tem algum propósito nisso”.

Após o diagnóstico, familiares e amigos se solidarizaram com ela, mandando mensagens de apoio e incentivo. “Minha família me ajudou muito, minha irmã, meu esposo. Ele teve oportunidade de trabalhar no Paraná e desistiu disso para estar ao meu lado nesse momento. Minha chefe me disse uma frase que me marcou: ‘você precisa ter foco, força e fé’. Foi tão importante pra mim, que tatuei em meu corpo essa frase”, declara ela, com as lágrimas não mais contidas em seus olhos. 

Tatuagem com a frase que mudou seu pensamento e a sentir firme e forte na luta contra o câncer – Foto: Nicolas Pedrosa

Com o diagnóstico dado, Fabrícia começou seu tratamento, que foi mais intenso em um ano e meio, fazendo quimioterapia e radioterapia, além de tomar os remédios indicados. “A luta continua, porque eu estarei ainda em tratamento por sete anos, tomando remédios contínuos”.

Durante o tratamento, Fabrícia se via, em certos momentos, desanimada e preocupada. “Era complicado, dias de tristeza e outros de alegria e superação. Nesse tempo, realizava uma caminhada. Meu marido me incentivava bastante. Eu estava careca na época, não queria sair, mas ele insistia: ‘vamos, é assim mesmo, você vai andar’. E eu ia, fazer o que, né?”, declara ela, relembrando os momentos. 

Mesmo com o bom avanço do tratamento, foi necessário realizar a mastectomia. Retirou parte da mama embaixo da axila e tirou o mamilo. O cirurgião Marco Botteon, da Caixa de Saúde, relatou que o tipo de nódulo dela era de difícil diminuição. “Mas o nódulo diminuiu bastante com o tratamento. Nem ele acreditou. Eu falei que se precisasse tirar o seio todo, poderia tirar. Não queria sofrer de novo com isso”. 

A técnica de enfermagem descobriu a doença após realizar o autoexame, recomendado por médicos para as mulheres detectarem alguma irregularidade na mama. “Podem dizer que não é tão eficiente, mas ajuda a detectar o nódulo. E descobrir precocemente facilita o tratamento. Se toque e se conheça, se sentir algo estranho, peça exames, não se acanhe de pedir. É preciso se cuidar”, enfatiza ela. 

Fabrícia sempre manteve-se alegre e sorridente, era sua forma de encarar a realidade. E sua família a apoiou muito – Foto: Nicolas Pedrosa

Paulo Alonso, ginecologista da Caixa de Saúde, alertou para os cuidados das mulheres e a realização de acompanhamentos com as especialidades para manter a saúde em ordem. “O autoexame pode ajudar, mas em sua maioria, nos mostra um nódulo em evolução, que está em um processo mais avançado. É necessário, sempre que possível, fazer a mamografia e, se preciso, ultrassonografia”. 

Para finalizar, Fabrícia deixou um recado para as mulheres que estão enfrentando o câncer de mama, sobre superar as dificuldades com um sorriso no rosto. “O mundo não acabou. Cito uma frase, que tatuei no meu peito, que é preciso ter foco em você mesma para se cuidar, força para vencer as barreiras e fé para sair dessa situação. Tudo isso junto nos ajuda. O Dr. Fernando [oncologista da Caixa de Saúde] me disse: ‘ficar deprimida só causa baixa imunidade e você pode ficar de cama e é isso que você quer pra vida?’ Eu quero é viver e cuidar do próximo e, se Deus quiser, eu estarei de volta a ativa. Se cuidem, se previnam, se amem e toquem.  

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